A culpa é do Amor, ser desafortunado, errante, escolheste a mais linda mulher e o mais apaixonado dos homens,
para quê?! Após acertos inquestionáveis, agendaste o tempo errado, anos e décadas passastes, tudo pareces tarde,
milhares de obstáculos inventastes, ora senhor Amor, malvadezas à la carte, lá se vai a linda história feliz que criaste,
acinzentando cores, calando vozes, gelando corpos, distanciando corações, sofrendo perdas irreparáveis, tudo, alteraste.
Como é escuro o brilho dos teus olhos, quando não fitam em segredo, o teu perdido amado,
chora sem plateia, esse preto espetáculo, a beleza líquida desse poço d'água, retraídos em pálpebras,
já sorriram tantas vezes, junto a teus risos, embarcados nas lembranças, daquele triste amor recente, amargo,
dormem tímidos e sem graça, dentro do veludo da pele, contraídos, sem permitir que admirem, estas lindas pupilas.
Pedaço de mim, deixeis, caíste a teus pés, a amável e deleitável parte, entregastes,
aqui jaz, enamorados, egoísmo conjecturar, que meras parcelas de nós, tanto desafogara-nos,
guarde este meu miserável fragmento, nas profundezas do seu ser, alimente os seus demônios, sem prazer,
naufrague em lágrimas, afogue lentamente a nossa imagem, as lembranças desse amor de pouca coragem.