Meu sentimento é uma bola de cristal a respirar esse amor todos os dias,
dentro há tulipas, peônias, bem-me-quer e uma casinha de sapê qualquer,
afeiçoados quadros de artes anônimas na parede, uma chaminé e fogo a lenha,
bancos rústicos do lado de fora, pleiteando um mundo afora.
Há um lugar, o chamam de lar, íntimo como retrato, o tempo voa como garça,
a atmosfera interna, conhecida, intrínseca, até os odores ruins agradam, assimilam,
pernas espreguiçam em qualquer encosto, culinária local, música ambiente, até mais gente,
quem sabe alguns animais, e a paz governanta, sempre presente neste local.
Não posso ficar aqui a amar-te, apesar de ti, ser meu lugar, nunca tive chance de fazer lar,
és como flutuar sem ter pouso, viver sob asas dos sonhos, sem o descanso merecido na paz do amor,
queimamos todo o carvão num dia, inundamos em outro, esperando que o sol apareça e renasça o fogo,
a combustão dessa paixão que nos consome, reinicia o processo sempre na outra manhã, onde não estamos.