A culpa é do Amor, ser desafortunado, errante, escolheste a mais linda mulher e o mais apaixonado dos homens,
para quê?! Após acertos inquestionáveis, agendaste o tempo errado, anos e décadas passastes, tudo pareces tarde,
milhares de obstáculos inventastes, ora senhor Amor, malvadezas à la carte, lá se vai a linda história feliz que criaste,
acinzentando cores, calando vozes, gelando corpos, distanciando corações, sofrendo perdas irreparáveis, tudo, alteraste.

Eu faço amor contigo, crio motivos, ideias, imagino, artesão da sua estrutura física,
corto a tensão na raiz, colo o corpo, descolo, insisto, riste, dou cor a face, tenro líquido,
faço esboço da pele amassada, recomeço, inacabado, mente criativa, tua corpulência, meu desalinho,
feito com as mãos, experimentado, minha obra prima ao seu lado, o amor artesanato.

Onde está o amor se ele não queima? Mal sinto o calor entre os dedos, minha pele estás a gelar, meus toques tateiam em vão na brasa, restos de um amor envelhecido, quase esquecido, enegrecido, preciso queimar para vivê-lo, acender este pobre coração, aquecer os invernos, tempos duros e cruéis, se há luz na escuridão, deve haver algo nas profundezas deste carvão, seco e inflamável.

Amor em luzes de sol,
dentro de bons dias e noites,
naquela prosa sem fim,
nas tulipas do jardim.

O amor é pueril, tola criança em desatino, corre pelos campos,
anda sobre rios, dança sob nuvens, sapateia em brasas, voa sem asas,
flutua em emoções, floresce os tristes corações, faz-se de tudo, graça,
quem ama puramente, não sabe explicar, tampouco, precisa entender.

Te notei, noite fria, um bar, meia lua, um vestido verde estonteante, entediada, um balcão, dois copos,
aquele homem não lhe merece, olhe-me, deixe-me pagar uma bebida, adivinharei a sua preferida, errarei, então me dirá,
farei rir de qualquer bobagem, prometo, explicarei que a lua não tem sentido sem um par como nós, ganharei tempo,
eu sei, não cairá em palavras fáceis, lhe desafio a me seguir, guiarei sem direção, enrolando seu juízo.

Lembras quando sorriste pela última vez? Onde estavas? Foste falso? Ou apenas horrível e amarelado?
sorrias sempre assim? sem fazer as felizes covinhas, deixa os dentes sempre meio escondidos, os olhos não sorriem,
tem certeza de que consegues sorrir naturalmente? serás que não enganas a si? assim como quem sorrias em triste fim,
talvez este sorriso sejas só enfeite, um riso preso numa máscara de cera, não contagias a outros, não é inerente.

Sem licença, sem permissão, todas as aspirações suprimidas, cuidado, chão frágil, vidro quebradiço, pisar devagarinho, cochichar no ouvido, silenciar o coração golpeado, abraça-me, deixe-me forrar o caminho, sou as mãos que lhe segura, os olhos na escuridão, prometo ser o nada que precisa, mais uma vez, respire, sinta a brisa acariciar seu lindo rosto pela janela, enquanto costuro todas as feridas abertas.

De repente era amor, palavras adocicadas, longas prosas, jeito fácil,
músicas adotadas, sorrisos colados, corpos selados, beijos intermináveis,
juras de um amor eterno, corações alados, sentimentos inquestionáveis,
as imperfeições perfeitas de um casal amável, dignos de contos encantáveis.

E este homem surgiu ao mundo, trepidando, em nome do amor, do garçom e da costureira,
nem chorou, nem respirou, a vida prematuramente lhe ensinou, que lutar era o caminho, caminhou,
tinha tudo quando não era quase nada, persistente, inocente, meio delinquente, brincou, brigou, beijou,
voou sem capa e os ossos concretou, andou sobre rodas e os dentes asfaltou, experiência não lhe faltou.

Bang, não há mais reflexos das estrelas noturnas no mar, nem os raios de sol bronzeiam as rosas,
os animais não desbravam a terra selvagem, o vento sopra fraco, poupando as folhas, a natureza está falha,
o ar está pesado, denso e impuro, os insetos sumiram do quintal, os humanos risonhos, não sorriem mais tão fácil,
as Violetas perderam suas inúmeras cores, os passarinhos cantarolam sem som, o amor, já não aquece os corações.

Admiro minha capacidade de flutuar em palavras perdidas, transportando-as por aí, fugas necessárias, inspirados cometas,
rir debaixo de lágrimas, chorar secando o solo, derramar sentimentos dentro de baldes vazios, as vezes profundos, imersivos,
até fiz palavras sutis parecerem destrutivas com bom ritmo, declarei amor a benção de vinho, narrativas alegres em cotidianos tristes,
dancei com belas poesias vadias, poetizei sobre deus, futebol, morenas, natureza, um pouco mais, minhas imprevisíveis poesias.

Não posso ficar aqui a amar-te, apesar de ti, ser meu lugar, nunca tive chance de fazer lar,
és como flutuar sem ter pouso, viver sob asas dos sonhos, sem o descanso merecido na paz do amor,
queimamos todo o carvão num dia, inundamos em outro, esperando que o sol apareça e renasça o fogo,
a combustão dessa paixão que nos consome, reinicia o processo sempre na outra manhã, onde não estamos.

Pedaço de mim, deixeis, caíste a teus pés, a amável e deleitável parte, entregastes,
aqui jaz, enamorados, egoísmo conjecturar, que meras parcelas de nós, tanto desafogara-nos,
guarde este meu miserável fragmento, nas profundezas do seu ser, alimente os seus demônios, sem prazer,
naufrague em lágrimas, afogue lentamente a nossa imagem, as lembranças desse amor de pouca coragem.

Perdi o melhor poema,
a divina interpretação sobre ela,
tulipas coloridas, embebecidas,
por rimas, beleza e harmonia.

Quando serás minha? Se já és. Quando dividirás o ar? Se já o respiras sem fôlego. Quando enlouquecerás?
Se já não achas o juízo. Quando serás paixão? Se já queimas em brasa. Quando beijarás com sede essa boca?
Se todo o sal da língua já secaste. Quando serás o véu da cama? Se já te deitastes em pensamentos inquietos.
Quando olharás em meus olhos? Se já não olham a mais ninguém. Quando será minha ilha? Se já és terra, mar e fauna.

Trancados, abafados, ares compartilhados, covil humano fechado, prosas, lembranças,
aquele dia, o momento inesquecível, agora, risos, sorrisos, malvadezas, malevolência,
confinados, o instinto natural grita alto, sei lá, jazz no rádio, celulares desligados,
pandemia condena o mundo, não toca aqui, onde toco, só dois e coisa alguma a fazer, quase.

Invisível, quase indetectável, tomou forma, jeito, tsunami em água parada, olhos de jabuticaba,
linda face de sardas temperadas pelo sol, pele mergulhada em leite, corpo é fascínio, um deleite,
tortas nuances, forte maturidade, a menina mulher de voz rouca tranquila e a rara sintonia afinada,
e então, barreira quebrada, o homem passarinho e a mulher violeta, meteoros e cometas.

Não vou embora, assim tão repentinamente, impregna-nos, as cinzas da paixão recente,
amar é Fênix, ressurge indubitavelmente, vem de olhares que se tocam, beijos que se molham,
amarrar de braços, ou ainda em letras que nos desenham nas músicas e rabiscam em poesias, tilintam,
estamos vivos nas funções que bombeiam um só coração, somos átrio e ventrículo.

Um sonho, uma morena, uma ponte, um caminho, dois sorrisos, um beijo prazeroso a moda antiga,
o céu, um lençol preto com olhos brilhantes, a fitar o momento, dando charme, resplendor a cena,
dedos deslizavam nas sardas como brisa fria, braços anexando corpos, chama inevitável dos enamorados,
olhares repletos de aspiração, estarem sós, serem pares, realizações simples dos apaixonados.

Gostou? Compartilhem as poesias flutuantes e lembrem-se deste humilde pseudo poeta como autor, eternamente agradecido.

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