Mergulhei no profundo oceano dos teus olhos, extenso breu, deparei-me com um belo par de pérolas negras,
banhadas por brilho, rodeadas pelas areias claras do teu rosto, estas, revestidas por camadas de pequenas sardas,
deslizo por tua face, vagarosamente, tateando pacientemente as linhas quadriculadas, ornamentadas por algas onduladas,
teus fios pretos, que tanto exacerbam a tua morenitude, majestosamente, completam e definem a tua superfície.
Não sirvo a nada, não caibo em ninguém, coração vagabundo, moribundo, não sou o tecido justo que amacia, nem o animal perspicaz que se adapta,
pareço-me com o fogo que se alastra nas folhas secas, naturalidade destrutiva, fervente, deixo cinzas, não há fênix no meu deserto, muita poeira, um inseto.
Os ventos uivaram, escoaram sonoramente pelas montanhas, trazendo reflexões das mais profundas entranhas,
o silêncio envergonhado, és tão barulhento, os animais ouvem os lamentos, passarinhos coloridos, lobos cinzentos,
a harmonia ao redor a denunciar seu tornado, a natureza, ansiando por lágrimas ocultas, salpicar a terra obscura,
nenhuma confissão fica muda aos sussurros invisíveis, a brisa que lhe arrepia os pelos, flutua suas palavras não ditas.
Quando serás minha? Se já és. Quando dividirás o ar? Se já o respiras sem fôlego. Quando enlouquecerás?
Se já não achas o juízo. Quando serás paixão? Se já queimas em brasa. Quando beijarás com sede essa boca?
Se todo o sal da língua já secaste. Quando serás o véu da cama? Se já te deitastes em pensamentos inquietos.
Quando olharás em meus olhos? Se já não olham a mais ninguém. Quando será minha ilha? Se já és terra, mar e fauna.