Moça bonita, aprecie minha incapacidade de decifrar as linhas, vejo-a desamarrar-se,
soltar a corda, aliviar as pedras das costas, distraindo-se com o abandono do juízo,
rindo de ninguém, sorrindo para si, dando voz a qualquer música, flertando com a vida,
sabe sofrer, nem parece aquela menina, chorosa, lágrimas de um passado, salgado.

Como é escuro o brilho dos teus olhos, quando não fitam em segredo, o teu perdido amado,
chora sem plateia, esse preto espetáculo, a beleza líquida desse poço d'água, retraídos em pálpebras,
já sorriram tantas vezes, junto a teus risos, embarcados nas lembranças, daquele triste amor recente, amargo,
dormem tímidos e sem graça, dentro do veludo da pele, contraídos, sem permitir que admirem, estas lindas pupilas.

Deixa ir, há rocha nos ombros, pesares no olhar, amor a definhar-se,
uma voz rouca que grita, esperneia, sequer ouvida, logo silencia-se,
lágrimas inundam a face, estás o pó, o resto, nenhuma força na fadiga,
um cadáver rastejante, a saborear devagar os seus piores dias.

Mentiras, falácia da vida,
pequena, grande, temida,
ninguém quer pra si, é ferida,
ofício que trucida.

Que sejam um pouco mais leves, as dores insuportáveis que extirpam as energias, físicas, mentais, astrais,
o incurável e triste saber, que não há mais tanto a fazer, que as mãos de Deus lhe assegurem, a paz duradoura em vida,
que nenhuma queda constante, seja tão brusca, que possa lhe afundar em poço, exagerar mais essa dor, drenar seu bom espírito,
há de sobrevoar-te acima de ti, o teu anjo de asas, este que nunca foge a luta, nem abandona.

Triste estou, pelo vinho que não deu pileque, alegria das almas,
por uma noite de amor ausente, morangos solitários, chantilly desperdiçado,
frutas que do pé não foram roubadas, uma viagem sem banho de lama no carro,
a carência da vista de um trem, assim como sonhos, só de passagem.

Vazio, abismo de sorrisos tristes, choros alegres,
cadáver que rasteja, resmunga, nenhuma mísera beleza,
corpo de ossos e carne fraca com a alma velada,
imensa escuridão, uma parte de si, sepultada.

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