Poesia - O Vento Levou - J.B.G

O Vento Levou

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Os ventos uivaram, escoaram sonoramente pelas montanhas, trazendo reflexões das mais profundas entranhas,
o silêncio envergonhado, és tão barulhento, os animais ouvem os lamentos, passarinhos coloridos, lobos cinzentos,
a harmonia ao redor a denunciar seu tornado, a natureza, ansiando por lágrimas ocultas, salpicar a terra obscura,
nenhuma confissão fica muda aos sussurros invisíveis, a brisa que lhe arrepia os pelos, flutua suas palavras não ditas.

Ventos faceiros, rodopiam severamente em gotas persistentes de chuva, e sopram fracos ao banho de sol noutro dia,
imprevisíveis, conduzem corpos pesados, plumas leves, materiais inertes, espalham brasa em terra seca, a fauna queima,
ao vento, nada és intocável, nem seus cabelos escuros esbranquiçados, nem os olhos redondos de vidro, tampouco os sentidos,
leva de ti, a pura verdade, trazendo a outros, a certeza, de que o vento sopra mais forte, do outro lado da represa.

O vento levou, e leva, foi um sopro, deleite de felicidade, vejas perdido no céu, o chapéu de sonhos e o lenço da saudade,
incalculável és o ponto final, destino, quem sabe a redoma de palha virará um ninho, ou o lenço, dará laço em belos pombinhos,
de certo, a ventania levarás risonha em viagem, os acessórios maltrapilhos, sabedora da história, digna de livros de banquinha.

E assim corre o vento, batedor, surrupiador, violento, as forças inevitáveis do tempo, tolos aqueles que o enfrentam,
impulsão de única direção, homérica, empurras ao léu também os amores mal vividos, a alma carente, a única alegria, vida,
somos matéria, reféns das rajadas do ar, rápida nas correntes positivas, lamuriosas na brisa perdida, quedas e voo, equilíbrio.

Poesia por J.G.B

Pintura "Young girl in a fjord landscape" por Hans Andreas Dahl

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