Do lixo vieste, miúdo peludo, Batman da capa cinza, deram a mim este presente, alegria,
parece que foste ontem, viraste herói do meu lar, folgadinho, tímido só os miados, sempre baixinho,
astuto, arranjavas sempre luta com os vizinhos, os maiores sofriam, brincadeirinha, amizade fácil felina,
demoraste a conquistar o coração do irmão felino mais difícil, não o meu, este, fácil, facinho.

Cresceste, peculiar, um gato a imitar cachorro, a língua caindo solta pela boca, quem acreditarias,
viraste também meu filho, irmão, amigo, ente querido, todo dia, minha atenção era devida, maravilhas,
corrias feito criança ao redor das paredes cinzas, paravas em frente ao armário, suplicavas por comida,
ai de mim se não acarinhaste a barriga, já cheia, mas nunca satisfeita, comia mil vezes ao dia.

A todos que ao lar adentravas, chamavas a si, qualquer atenção, amável ao chão, colo não eras recinto,
aranhavas com Bat Garras quem se atrevias, ninguém lhe amassavas como bola entre os braços, odiavas, eu ria,
felicidade era viver lá e cá, sobre as patinhas deslizantes, tendo controle sobre tudo, quase tudo.

Aos 2 anos e 4 meses, o portão atravessaste, então, foste atravessado, carro, rápido, nem meus olhos acreditastes,
ainda voltastes a mim vagamente, respirando como cachorro, dessa vez, não era cansaço, só órgãos sangrentos derramados,
me olhaste, como se agradeceste e pediste socorro, sem som, sem parar, até que nada que eu fiz, lhe salvasse a curta vida.

Poesia por J.G.B