Poesia - Batendo na Porta do Céu - J.B.G

Batendo na Porta do Céu

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Lembras quando sorriste pela última vez? Onde estavas? Foste falso? Ou apenas horrível e amarelado?
sorrias sempre assim? sem fazer as felizes covinhas, deixa os dentes sempre meio escondidos, os olhos não sorriem,
tem certeza de que consegues sorrir naturalmente? serás que não enganas a si? assim como quem sorrias em triste fim,
talvez este sorriso sejas só enfeite, um riso preso numa máscara de cera, não contagias a outros, não é inerente.

Lembras se amou alguém perdidamente? Duraste muitos anos? Dizias que amaste todos os dias? Eras mentira?
serás que amou mesmo deste jeito? teu coração estás sempre um bocado vazio, não tem paz, nem encontra destino,
não faz lar para ninguém, não se cria, ausente do mel de um beijo roubado, da brasa da carne, de um abraço amável,
talvez tenha amado sozinho, feito par de valsa com a solidão, se acompanhado, iludiu-se por minúsculas faíscas de paixão.

Lembras das coisas mais importantes que fizeste? Criaste algo genial? Fizeste o bem? Ajudastes um pobre alguém?
tuas realizações parecem tão insignificantes, nem as consigo ver, tem certeza de que as fez? Onde escondestes tais feitos?
talvez não tenhas feito nada interessante, mesmo com todo esforço inútil, isto não preencheria uma mísera página de livro.

Achas que iras ao céu tão cedo assim?! nem pecados corrigíveis fizestes, o que há de pagar e aprender até agora? vá, não é hora,
desça ao seu corpo preguiçoso, levante-se, faça tremendas bobagens, cometa erros inimagináveis, não sejas covarde, como suicidar a alma,
solte o sorriso que desarma, viva o amor da vida, ajude alguém que não precisa, ou faça o simples mal, tu que sabes, o inferno, fácil, as portas abrem.

Poesia por J.G.B

Pintura "Door to Heaven" por Bishan Singh Rana

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