Tic tac, o barulho inesgotável do tempo, tudo parece tão depressa, feito mal, às pressas,
até o simples relógio tem seu momento de parar, trocar a pilha vazia, recarregar as energias,
talvez seja mais sábio que nós, que estamos sempre esgotados em meio ao caos do dia, parar é utopia,
nossos minutos são segundos, nossos dias são horas, até o que é belo, foi-se rápido, despercebido.

E se o beijo durasse mais tempo? Se o sexo fosse mais calmo? Se os olhares fossem mais densos?
Se contemplar a natureza não tivesse hora de ir embora? Se o encontro, não tivesse a triste despedida?
Que bom seria, mas não somos relógios, não sabemos controlar o tempo, nem ditamos onde precisa, um ritmo lento,
aceleramos na curva, acumulamos problemas, só para resolvermos, sem sobrar um prazo mínimo, no impulso, desespero.

Tudo a vida pode dar, há também as maravilhas, que temos a impressão de que duram pouco, nem mais que um dia,
enquanto, os fatos ruins e banais, preenchem duramente nossa mente, por longos períodos, 24 horas, parecem durar dias,
será que temos senso? o tempo existe, mas nós que fazemos, então, desperdiçamos ou simplesmente, não aproveitamos.

Talvez, o sábio relógio, tenha algo a ensinar, mas como sempre, não notamos, até um ser inanimado, em algum momento irá parar,
vivemos em função do dia, contamos as horas com ponteiros próprios, nossa troca de energia, bem que poderia durar, entre uma pilha e outra,
carregadas de amor, natureza divina, terapia simples, hobbys divertidos, momentos com a família, nem precisaríamos ter um polo negativo.

Poesia por J.G.B

Pintura "The Trial of Time" por Alfred Dolezal