Bela morena, as flores são teimosas em lugares onde não deviam estar, solo sem nenhum verde, és nascente, cresceste,
afortunado coração, como um rio, escorreu e parou na curva do seu olhar, quem não descansaria nas sombras dessas sardas?
pés cansados sempre encontram um bom lugar, entre as folhas lisas do teu cabelo e as trilhas tortas do seu sorriso,
tão gentil e doce tu és, como fruta corada, prestes a cair, só para que do chão, as sementes floresçam.

Tenho a transparência líquida, como gatos em vasos, se acomoda desconfortável, não cabe ali, mas sabe estar,
ainda assim, transparente, todo dia existimos para sermos exaustivamente, lembranças de um passado imperfeito, complexo,
somos um segredo decifrável de um futuro inimaginável, histórias dentro de um recanto, nosso canto, de cantar,
de um ouvir, do outro falar, de coração eu te escrever, do sufoco, tu desabafar, às vezes, é só um lugar.

Não esqueças, sempre fui andarilho de passos solitários, quando te deixo, parte de mim que se vai, abandonando-me, entristecendo-me,
a outra metade, foste condenada perpetuamente a lhe pertencer, cuide deste meu sorriso, sem ti, não o tenho engraçado, apenas disfarçado,
afogamos em prosas inúteis, corremos por cultura fútil, pousamos nas conversas técnicas, voamos baixo nos tempos difíceis, de não poder amar.

Aprecio-te, a pintura renascentista que viraste, desgastar, uma rica e belíssima paisagem, o amanhecer de uma longa noite de luar,
tornei-me estrelas de sua escuridão, recebendo generosamente seu brilho lunar, enquanto acendia com deleite, as partes de ti que ninguém viste,
engana-te se achas que não estarei presente no esplendoroso púrpura, o raiar particular, as estrelas nunca deixam de estar, onde sempre estão, em algum lugar.

Poesia por J.G.B

Pintura "Dawn Farnese Italy" por Jill Nichols