Poesia - Como é Triste - J.B.G

Como é Triste

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Como é escuro o brilho dos teus olhos, quando não fitam em segredo, o teu perdido amado,
chora sem plateia, esse preto espetáculo, a beleza líquida desse poço d'água, retraídos em pálpebras,
já sorriram tantas vezes, junto a teus risos, embarcados nas lembranças, daquele triste amor recente, amargo,
dormem tímidos e sem graça, dentro do veludo da pele, contraídos, sem permitir que admirem, estas lindas pupilas.

Como é frio o teu verão, quando as mãos não se entrelaçam mais, na esquina, na avenida, em qualquer praça,
esfregam a si, solitárias, sem tatear em nuca, peito, costas, dedos abertos que sentem falta, do toque mágico,
da pele sedosa da amada, que escapou entre os frouxos laços, daquele triste nó curto, que fora mal feito, desatado,
o fim de corpos conectados por mãos firmes, que carregavam em sua sinergia, todo o teu sentimentalismo genuíno.

Como é mudo o teu cantarolar, quando as músicas não têm mais o mesmo tom, as notas musicais não cantam tuas cores,
cada letra poética de uma poesia cantada, perderam o seu tenro encanto, não tocam mais a balada eterna de dois corações,
soam longamente silenciosos, agora são só trechos soltos, refrões esquecidos e ecos infinitos.

Como é triste este amor, que não é mais um casal, todas as flores delicadas murcharam, sonhos não desabrocharam,
até o vento deixou de assoprar, levar em frente este belo par, por muitos dias, soltavam alegremente os beijos no ar,
deixará saudade, o romantismo barato, a flor coletada no asfalto, a cortesia tola, a simplicidade de amar.

Poesia por J.G.B

Pintura "Vampire" por Edvard Munch

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