Poesia - Como Pode - J.B.G

Como Pode

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Como pode este passarinho cantar, se tem as asas quebradas e o ninho destroçado?!
pareces até que voa mais alto, os piados parecem gritos, afinados, como vozes em uníssono,
lá vai, gravetos no bico, arquiteto das casinhas de palitos, não há trauma, apenas reinício,
a pequena ave de peninhas, debilitado e sem família, segue sobrevivendo a pedras e tiros.

Como pode este velho homem sorrir, se não tem nada, nem assinatura na carteira de trabalho?!
a alegrias que contagias, ninguém sabe de onde vinhas, o complexo mistério da vida, o sol próprio,
que ilumina o caminho em tempos tempestuosos, doador universal de felicidade, isto, ninguém lhe tiras,
usa roupa maltrapilha, a carteira sempre vazia, o tênis foi esmola, segue sobrevivendo a duras e risos.

Como pode esta mulher ter forças, se pariu um natimorto noutro dia, se és órfã desde pequenininha?!
intrigante, seus passos são firmes e retos, não tremula, todos gostam da Maria, por onde passa, bem-vinda,
o amor que espalhava, nunca recebia, musa simpatia, a moça simplória, segue sobrevivendo a lutas e dias.

Voltei a praça, lembras de mim, passarinho?! Enquanto construía seu belo ninho, aquele senhor, empregou-se,
a mulher encontrou um novo amor, engravidou, não se entregaram as circunstâncias, como você, criador de abrigos,
nem só o amor é inexplicável, somos envoltos de obstinação e impavidez, como pode então, ter tanta desgraça?!

Poesia por J.G.B

Pintura do projeto "Paint Mojo" por Tracy Verdugo

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