Mergulhei no profundo oceano dos teus olhos, extenso breu, deparei-me com um belo par de pérolas negras,
banhadas por brilho, rodeadas pelas areias claras do teu rosto, estas, revestidas por camadas de pequenas sardas,
deslizo por tua face, vagarosamente, tateando pacientemente as linhas quadriculadas, ornamentadas por algas onduladas,
teus fios pretos, que tanto exacerbam a tua morenitude, majestosamente, completam e definem a tua superfície.

Além-mar, avisto as dunas, maravilhosamente desenvolvidas, perfeitas elevações ousadas e bem sensíveis,
caminho com sede avulta, possuo os ares mais ofegantes, sintomas da minha fome acentuada, vulgarmente impetuosa,
passo a passo, dedos e mãos, amassos e laços, imerso em teu corpo movediço, já sois um homem perdido, carente de juízo,
afundo-me cada vez mais, propositalmente, engolido por tuas terras áridas, alimentando-me dos teus minérios e outros fluídos.

Deleito-me totalmente em tua imensidão, prelúdio do simples paraíso, a dança de balançar de corpos, efeitos danosos,
adaptando-me a tua temperatura, gozo de tua fauna e flora, nunca estive antes em beleza tão pura e natural, sou animal,
despertado pelos instintos, lhe predo, tu retrai-se nervosamente, envolvendo-me na sequência, malevolência.

Depois de lhe aventurar, onde este homem há de ir? Não há de ter trilhas tão fantásticas para explorar em outras terras,
nem mares tão extensos e deslumbrantes para lavar a alma, todo o resto, tem menos cor, pouco sabor, ambientes tão superficiais,
sepultei o meu destino, quando pus os pés neste desconhecido, sintonizado pelo silêncio do teu deserto e frescor do teu mar.

Poesia por J.G.B

Pintura "EARTH (#8)" por Brian Kirhagis (aka BK The Artist)