Que sejam um pouco mais leves, as dores insuportáveis que extirpam as energias, físicas, mentais, astrais,
o incurável e triste saber, que não há mais tanto a fazer, que as mãos de Deus lhe assegurem, a paz duradoura em vida,
que nenhuma queda constante, seja tão brusca, que possa lhe afundar em poço, exagerar mais essa dor, drenar seu bom espírito,
há de sobrevoar-te, o teu anjo de asas, este que nunca foge a luta, nem abandona.

A fé insolúvel que há em ti, profundamente vive, queima a luz sobre a escuridão, reacende as vagas esperanças,
acobertando este momento cruel, como proteção em inverno rigoroso, aqueça um pouco, viva o novo dia, o inesperado amanhã,
raia o sol pela janela, como há tempos não se via, sinalizando, que há perseverança sobre a energia quente, vindas do coração,
e nunca lhe habitará o terrível parasita, a profunda tristeza, é só o vento adentrando, passa e entra, sempre vai embora, em boa hora.

Tu és forte como um grande carvalho, enfrentaste outros males, nada destroem, arranhaduras no casco, dentro de ti, fortalece-se,
a angústia toca-me, desmonta-me, finjo ser como tu, amada mãe, progenitora e motivo da minha existência, mas sou só aparências,
os fantasmas perseguem-me, detentores de tantos e variados problemas, assustam-me, enquanto choro como chuva, sou força débil.

Que essa rocha maligna que insiste em lhe pertencer, petrificando sua vitalidade, seja derretimento, futuro esquecimento,
tome suas pílulas de sorrisos diários, faça viagens aos lugares preferidos, vá além do céu e mar, há pessoas a lhe doar, amar,
seremos o açúcar e o sal, filhas, marido, forças uníssonas, devemos a ti tanto, mesmo assim, exigimos mais, viva, mãe querida.

Poesia por J.G.B

Pintura "Inner light" por Marguerite MacRobert