Eu faço amor contigo, crio motivos, ideias, imagino, artesão da sua estrutura física,
corto a tensão na raiz, colo o corpo, descolo, insisto, riste, dou cor a face, tenro líquido,
faço esboço da pele amassada, recomeço, inacabado, mente criativa, tua corpulência, meu desalinho,
feito com as mãos, experimentado, minha obra prima ao seu lado, o amor artesanato.

A minha pintura em tela branca tem as suas tonalidades, flutuando em pinceladas, nudez a lá carte,
os traços imperfeitos se alimentam do seu riso torto, caretas distraídas, silhueta e jeito fácil,
dou laço no seu corpo nu, nunca me desfaço, devasso, encaixo, abuso do prazer imensurável, me acabo,
em cada sorriso frouxo, roupa jogada e sintonia afinada.

Amo o amor que só faz amar, faz-se com paixão, mergulhado em emoção, combustão,
sangue corre quente, feito lava, rápido e devastador, só de ler simples palavras, tão cheias de vontade,
de quem sente de verdade, beijos molhados, abraços apertados, transpassados.

Amar é arte, transar é parte, corpo é matéria prima, não sai rabisco, nem rascunho, sem meia hora perdida,
nem obra prima se cria, sem rir dos defeitos, sem exaltar os detalhes, amar artesanalmente, o ato é esculacho,
língua, dedos, corpos costurados, órgãos musicados, a oitava arte, espetáculo.

Poesia por J.G.B

Pintura "Candles of Love" por Leonid Afremov