Apaixonei-me pelo sabor dos teus lábios molificados de linhas tortuosas, beija-me,
fitei os teus olhos, doces jabuticabas, caindo sobre mim, maduras e espontâneas, olha-me,
admirei-te, pinturas na pele, obras de arte da minha parede, sardas de tinta leve, toca-me,
intitulei-a Violeta, deixei-te preencher os espaços vazios com tuas cores, colora-me.

Teu corpo, abençoei em sílabas e rimas, queimou em poesia, como se achasse na dor, a alma,
aclimatou-se ao ato, receber o meu ímpeto e tempestuosa parte, por vezes te atravessaste,
desfila-me, a carne proibida, nua em pelo, gata arteira da pureza desavergonhada, entrega-me,
hipnotiza-me, e bem sabes, que tem toda a beleza singela que me desarma, desmonta-me.

Cuidei-me para cuidar-te, trouxe a ti, profundas palavras, vivência trágica, meros fatos,
ajudei-te a enxergar além do óbvio, planar-te feito pluma a própria vida, experimentar, reflexionar,
testemunhei o teu dilatado amadurecimento, grato a ti pelos presentes, amar-te, nunca foi conveniente.

Encontramos o lugar, recanto digno dos bem-aventurados, amigos íntimos, amantes confessos, exemplos de nada,
tempo sagrado que poupou a chama, contanto, também soprou o vento, alastramos ou cessamos, prazeres mundanos,
até que surjas o dia, que seremos arrastados pelo medo e a angústia, a obrigação de sermos felizes, separados.

Poesia por J.G.B

Pintura "Love" por Pegaso / Olga Peganova