Estou esgotado, das batalhas diárias, do conflito necessário,
pondero parar, sentir o gosto amargo do fracasso em tentar,
sem que o mundo desabe de um andaime na consciência, tsunami infame,
arrasta tudo, até minha coragem, pode vir, em frente vou continuar.

O trabalho consumindo todas as energias, invés da minha morena feita de amor,
pessoas defensivas, mal-humoradas, afogam-se no próprio ódio, transborda rancor,
crianças sem correr nas esquinas, animais indefesos são chutados na via, o vovô nem se aposentou,
olá, mundo banal e irreconhecível, entristece-me todos os dias, continuarei na luta, não há saída.

A depressão do jornal vem a cada manhã, violências desmedidas, tragédias políticas,
como num templo de buda, jogo a TV fora, depois a pego de volta, meu time vai jogar de noitinha,
falhamos diante do rival, termine logo esse maldito dia, vou continuar, loira gelada de despedida.

Não tenho alternativa, esse mundo infeliz escolheu-me para vivê-lo, ao menos posso tentar,
se reclamar, vai me castigar, se parar, sequer lamentarás, talvez agradeça, melhor não pensar,
sparring da vida, sigo em frente, malabarismos e hematomas contentes.

Poesia por J.G.B

Pintura "The Juggler" por John George Brown