Poesia - Amor em Brasa - por J.B.G

Amor em Brasa

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Onde está o amor se ele não queima? Mal sinto o calor entre os dedos, minha pele estás a gelar, meus toques tateiam em vão na brasa, restos de um amor envelhecido, quase esquecido, enegrecido, preciso queimar para vivê-lo, acender este pobre coração, aquecer os invernos, tempos duros e cruéis, se há luz na escuridão, deve haver algo nas profundezas deste carvão, seco e inflamável.

Queimou, incendiou tanto, marcou, fogaréu, um cobertor cinza cobriu o céu, sombras da carne, o forte ardor foi desejo, paixão, amor, um laço sem embaraço, benção de noites quentes e intermináveis, renovou-se, renasceu para queimar outra vez, mais uma vez, viver e morrer incinerando todos os dias, a arte de amar, destino dos felizes, brasa acesa em dias de chuva, fogo baixo em tempo ensolarado.

Somos em parte, água descontrolada, inundamos tudo ao redor, por nada, afogamos ao invés de queimar, não há ressureição no fundo do mar, histórias colapsadas, corpos separados, vestígios do passado, relíquias perdidas, baús de tesouros enferrujados, resgate dos amores piratas.

O amor é voraz, predador do fogo, basta uma faísca e queimará, madeira, papel, fogo de palha, não é chama de vela, não tem fim, é brasa acesa intermitentemente, labaredas de uma combustão natural, equilíbrio entre o incêndio devastador e o carvão molhado, carne ao ponto, fogo médio, pingos de água.

Poesia por J.G.B

Pintura "In my fire" por Gioia Albano

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