Poesia - Casa de Vidro - por J.B.G

Casa de Vidro

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Sem licença, sem permissão, todas as aspirações suprimidas, cuidado, chão frágil, vidro quebradiço, pisar devagarinho, cochichar no ouvido, silenciar o coração golpeado, abraça-me, deixe-me forrar o caminho, sou as mãos que lhe segura, os olhos na escuridão, prometo ser o nada que precisa, mais uma vez, respire, sinta a brisa acariciar seu lindo rosto pela janela, enquanto costuro todas as feridas abertas.

Contemplo esta tua casa cristalina, sem poder resvalar em nada, observo o reflexo do arco-íris e encanto do luar, há quadros antigos, muitas histórias personificadas, objetos fascinam, formas sinuosas, geométricas, luz rara, imprecisa, neste ápice, queria que este foste meu lar, onde faria meu pouso, cuidaria, decoraria os locais escuros, ninho de todos dias, porém, nada disto é meu para tomar-te, talvez conquistar-te, evitando qualquer cristal espatifado, já basta, mal colado.

Não há mais ferimentos, só algumas cicatrizes, cuide-se, se um dia eu não puder, as sardas não precisam de creme, os olhos de jabuticaba, deixe-os vívidos, tenha orgulho desse nariz de boneca, faça charme desse sorriso tímido, coma pizza aos sábados, beba mojitos, deixe que as verdades falem por você, só as mentiras viram intrigas.

Não posso ser quem quero, nem dizer todas verdades que sou, tão inconvenientes, ignorante dos limites, meus demônios libertos, apaixonados, chacoalham-me, desafio é aturá-los, quando apenas seguem seus instintos, nada irá quebrar neste recinto, embora tudo seja de vidro, pode haver um destino para nós, se tudo manter-se intacto.

Poesia por J.G.B

Pintura "Glass House II" por Mary Garoutte

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