Pia, Passarinho

Passarinhando, amanheço cantando, benquisto, verde colorido, empoleiro-me aqui todos os dias,
embelezo a janela, dou vida ao telhado, lhe dou prosa, lhe arranco risos, pios e voos, mil vezes por dia,
entro e saio deste recinto, alpiste, linhaça, girassóis e uma violeta, sorte deste pequeno cheio de peninhas,
saio de noitinha, não sou o cuco, parasita de ninhos, veja, sou um cortês periquito, australiano engraçadinho.

Seu animal preferido, meu bico nunca foi intrometido, giro a cabeça, giro, observo, atentar,
enquanto trepo mais galhinhos, fixo no meu ninho, uma prole sempre a esperar, folgado este, alimentar,
do topo, meus pequenos olhos fitam, humanos que não voam juntos, não se aproximam, bichos estranhos,
as fêmeas violetas são irresistíveis, cuidaria bem da minha, encheria o papo, piaria, piar é vida.

Estique a mão humana, me dê alguns aperitivos, passe os dedos em minhas lindas peninhas,
sinta o meu pulsar, veja como sou vivo, deixo até me beijar, acariciar, não esqueça minha aveia,
este braço é frio, mais que os galhos, tem sangue nas veias? parece um colapso, não é uma calopsita.

Deixe-me ver de perto, grandes olhos de jabuticaba, parece um jacarandá mimoso, linda, fina,
vou bicar esse rosto, sentir o gosto, posso ficar no ombro, levante-se agora, passear comigo, meu mundinho,
conheça este belo passarinho, amo toda a natureza, escute os sons dos passarinhos, acalma-se, este é meu ninho.

Poesia por J.G.B

Pintura "Periquito on the rocks" por Diego Casillas