Passa Tempo

Serás que me amaste ou apenas se livraste? Montanha nas costas, pedra ao chão,
o livro inglês que enjoaste, o romance que escreveu, leu, queimaste, querido passatempo,
não acreditaste na sinopse, não seria páginas incompletas a converteste, preferiste nadar o nada,
curaste sua praga, seu medicamento tarja preta nas horas vagas, defeitos colaterais, evidenciaste.

Presente em mãos, choraste o coitado coração, tu mastigaste amargamente o relógio atrasado,
passaste o tempo, envelheceste os seus desejos, bem sucedido sou, entre as traças, migalhas,
rosto bonito, passarás, mais que cabelo largado, barba avantajada, olhos de lince, mais,
puro coração, sentimentos transparentes, amor gratuito sem cobranças, emoções naturais.

Tu rendeste a pressão, submeteste o coração aos impulsos da sociedade, condicionaste o amor,
resolveste problemas ao romper o laço, trocou a roupa que não lhe cabe, fantasiaste-me de espantalho,
queres apenas mudar, lar, temperatura, lugar, juntar, não importas a ti, se não amaste.

Acabaste numa chamada, o amor que sobraste, todo meu, se este, coube somente a mim no final,
as tolices de quem soubeste lhe gostar, inchaste o coração, implodiste, arrependimento és não amar,
és passar o tempo com um passatempo, o homem passaste, quando lhe disseste que amaste.

Poesia por J.G.B

Pintura "Time Travel" por Steve Hester