Um Ano Mais Lento

Um ano a mais de vida, um a menos, cada dia, um passo ao finamento, vivendo, morrendo, lampejos,
a beleza deteriora-se, vejo as escolhas da trajetória para o sprint final, sempre tarde, quando se vai cedo,
separa-se os ciclos, fases, em todas, meu sorriso, o perfeito disfarce, lobo, passarinho, eterno bicho do mato,
discreto, sereno, se eu pudesse voar, facilitaria, e não seria eu, lá, rompendo o laço no fim da corrida.

Gênio incapaz, medíocre capaz, um pessimista sonhador, um otimista realista, andando sobre trilhos,
pulando em cada trem, descendo e subindo estações, criando recanto, escondendo-se em cantos, sem prantos,
felicidade onde eu morar, estar, acompanhe-me as boas almas, vista o manto de alegria nos invernos tristes,
posso ser quem mais confia, seu amigo invisível, neste tribunal, nada é julgado, apenas apreciado.

Refletindo demasiadamente, as correntes da quarentena impedem de andar, a pandemia, impedindo de respirar,
pouco extasiado, a vida é surpresa, bela Violeta, uma morena shakespeariana, tomou os dias, brilhou a noite,
medo de perder, mas já ganhaste em outro lugar, onde o coração é brasa, fantasia é bar, recanto é lar.

Decisões difíceis a frente, passos cansados, lentos, quando andam, cometem estragos, evolução inviável,
futuro que diz tanto, sem oferecer muito, uma escada a subir, ensaboada, sem aderência, haja força, vontade,
pernas fortes levantam os pés pesados, a mente lúcida, antevê os desastres, o coração, este, incontrolável.

Poesia por J.G.B