Um sonho, uma morena, uma ponte, um caminho, dois sorrisos, um beijo prazeroso a moda antiga,
o céu, um lençol preto com olhos brilhantes, a fitar o momento, dando charme, resplendor a cena,
dedos deslizavam nas sardas como brisa fria, braços anexando corpos, chama inevitável dos enamorados,
olhares repletos de aspiração, estarem sós, serem pares, realizações simples dos apaixonados.

Em outro sonho, a linda morena estava aprazerada à mesa, pousada rústica, cerveja, vinho e música,
ríamos de piadas internas, canalhices, contemplávamos a repleta natureza de flores, insetos e relva,
inebriados por prosas noturnas, perpétuas, tocados pela brasa dos corpos, labaredas do amor, sem dor,
não havia remorso, nem resistência, éramos uma paixão de verão de ano inteiro, completos, emergidos.

E sonhei mais uma vez, fios de cabelos escuros repousavam em meu colo, como descanso de calma represa,
admirava o encanto de sua face, como turistas em galeria de arte, bella ragazza, olhos de jabuticaba lacrados,
adormecia, sentia apenas mãos gentis acariciando-te a pele, como areia fina deslizando em deserto.

Deixeis de sonhar, desejos de realidade, morena pouco minha, deleita meus pensamentos, cobiço-a a cada dia,
porém, outro és seu dono, este modesto sem sorte, observa-te, enquanto beijas, deitas sem emoção em outra cama,
tu comes, andas e falas com outro par querido, contudo, és neste corpo e coração, que tudo faz sentido.

Poesia por J.G.B

Pintura "Café Lovers" por Joseph Lorusso