A culpa é do Amor, ser desafortunado, errante, escolheste a mais linda mulher e o mais apaixonado dos homens,
para quê?! Após acertos inquestionáveis, agendaste o tempo errado, anos e décadas passastes, tudo pareces tarde,
milhares de obstáculos inventastes, ora senhor Amor, malvadezas à la carte, lá se vai a linda história feliz que criaste,
acinzentando cores, calando vozes, gelando corpos, distanciando corações, sofrendo perdas irreparáveis, tudo, alteraste.

Haverá momentos ríspidos, penosos, a boca não será de beijo, nem o toque será de pele,
batalhas constantes contra os próprios sentimentos, recuando e avançando, inevitáveis danos,
o próprio coração fará discursos a constranger e oprimir a sua massa cerebral, revalidando os ideais,
mentirá a si mesmo, lutará pela própria causa, brutalidade, peito aberto, herói flechado.

Eu faço amor contigo, crio motivos, ideias, imagino, artesão da sua estrutura física,
corto a tensão na raiz, colo o corpo, descolo, insisto, riste, dou cor a face, tenro líquido,
faço esboço da pele amassada, recomeço, inacabado, mente criativa, tua corpulência, meu desalinho,
feito com as mãos, experimentado, minha obra prima ao seu lado, o amor artesanato.

Onde está o amor se ele não queima? Mal sinto o calor entre os dedos, minha pele estás a gelar, meus toques tateiam em vão na brasa, restos de um amor envelhecido, quase esquecido, enegrecido, preciso queimar para vivê-lo, acender este pobre coração, aquecer os invernos, tempos duros e cruéis, se há luz na escuridão, deve haver algo nas profundezas deste carvão, seco e inflamável.

Uma história de amor, irremediável, avassaladora, sem mero acaso,
corações vazios, fostes estes, nutridos de paixão, maravilhados,
encantamento dos apaixonados, um Shakespeare inebriado,
tiraste o fôlego, em doçura, mergulhaste o corpo.

O amor é uma força maior, elevada a querubins,
capaz de erguer novos mundos, alçar aos céus,
obras aclamadas, sempre com rosados jardins,
a verdade sustenta esses monumentos, prende-se o véu.

Amor em luzes de sol,
dentro de bons dias e noites,
naquela prosa sem fim,
nas tulipas do jardim.

O amor é pueril, tola criança em desatino, corre pelos campos,
anda sobre rios, dança sob nuvens, sapateia em brasas, voa sem asas,
flutua em emoções, floresce os tristes corações, faz-se de tudo, graça,
quem ama puramente, não sabe explicar, tampouco, precisa entender.

Te notei, noite fria, um bar, meia lua, um vestido verde estonteante, entediada, um balcão, dois copos,
aquele homem não lhe merece, olhe-me, deixe-me pagar uma bebida, adivinharei a sua preferida, errarei, então me dirá,
farei rir de qualquer bobagem, prometo, explicarei que a lua não tem sentido sem um par como nós, ganharei tempo,
eu sei, não cairá em palavras fáceis, lhe desafio a me seguir, guiarei sem direção, enrolando seu juízo.

Um temporal, um vestido listrado, um coração alado,
frio na barriga, olhares ao chão, arrepios em concessão,
lugar desconhecido, poucas falas, sentimento engasgado,
a linda morena e o homem desencantado.

Amá-la, tanto mais do que se pode ser, além do que se for será,
minha incansável certeza de crer, no futuro imperfeito de amar,
todos os dias a pensar, em todas as formas, dela, ao meu lado estar,
impreterivelmente, urgentemente, sua eternidade é o céu que irei pleitear.

Lembras quando sorriste pela última vez? Onde estavas? Foste falso? Ou apenas horrível e amarelado?
sorrias sempre assim? sem fazer as felizes covinhas, deixa os dentes sempre meio escondidos, os olhos não sorriem,
tem certeza de que consegues sorrir naturalmente? serás que não enganas a si? assim como quem sorrias em triste fim,
talvez este sorriso sejas só enfeite, um riso preso numa máscara de cera, não contagias a outros, não é inerente.

Meu sentimento é uma bola de cristal a respirar esse amor todos os dias,
dentro há tulipas, peônias, bem-me-quer e uma casinha de sapê qualquer,
afeiçoados quadros de artes anônimas na parede, uma chaminé e fogo a lenha,
bancos rústicos do lado de fora, pleiteando um mundo afora.

Como é escuro o brilho dos teus olhos, quando não fitam em segredo, o teu perdido amado,
chora sem plateia, esse preto espetáculo, a beleza líquida desse poço d'água, retraídos em pálpebras,
já sorriram tantas vezes, junto a teus risos, embarcados nas lembranças, daquele triste amor recente, amargo,
dormem tímidos e sem graça, dentro do veludo da pele, contraídos, sem permitir que admirem, estas lindas pupilas.

Repentinamente, coração pula, pobre coitado de pernas curtas,
sofre infeliz, tolo, sozinho, não pode ver um abismo, morte é juízo,
infarto é sobrevida, choques elétricos nesse músculo ferido, maldito,
o que há de melhor, crucificado em madeira com pregos enferrujados.

De repente era amor, palavras adocicadas, longas prosas, jeito fácil,
músicas adotadas, sorrisos colados, corpos selados, beijos intermináveis,
juras de um amor eterno, corações alados, sentimentos inquestionáveis,
as imperfeições perfeitas de um casal amável, dignos de contos encantáveis.

Deixa ir, há rocha nos ombros, pesares no olhar, amor a definhar-se,
uma voz rouca que grita, esperneia, sequer ouvida, logo silencia-se,
lágrimas inundam a face, estás o pó, o resto, nenhuma força na fadiga,
um cadáver rastejante, a saborear devagar os seus piores dias.

E este homem surgiu ao mundo, trepidando, em nome do amor, do garçom e da costureira,
nem chorou, nem respirou, a vida prematuramente lhe ensinou, que lutar era o caminho, caminhou,
tinha tudo quando não era quase nada, persistente, inocente, meio delinquente, brincou, brigou, beijou,
voou sem capa e os ossos concretou, andou sobre rodas e os dentes asfaltou, experiência não lhe faltou.

Apaixonei-me pelo sabor dos teus lábios molificados de linhas tortuosas, beija-me,
fitei os teus olhos, doces jabuticabas, caindo sobre mim, maduras e espontâneas, olha-me,
admirei-te, pinturas na pele, obras de arte da minha parede, sardas de tinta leve, toca-me,
intitulei-a Violeta, deixei-te preencher os espaços vazios com tuas cores, colora-me.

Bang, não há mais reflexos das estrelas noturnas no mar, nem os raios de sol bronzeiam as rosas,
os animais não desbravam a terra selvagem, o vento sopra fraco, poupando as folhas, a natureza está falha,
o ar está pesado, denso e impuro, os insetos sumiram do quintal, os humanos risonhos, não sorriem mais tão fácil,
as Violetas perderam suas inúmeras cores, os passarinhos cantarolam sem som, o amor, já não aquece os corações.

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